sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Resenha: Ruby Red, de Kerstin Gier


Sinopse:

Gwen, de dezesseis anos, vive com a sua extendida - e um tanto excêntrica - família em um bairro exclusivo de Londres. Apesar da peculiar historia de seus ancestrais, ela teve uma vida relativamente normal até agora. O gene de viagem no tempo que corre como um segredo na metade feminina da família supostamente pulou Gwen, então ela não foi introduzida aos "mistérios" e pode gastar seu tempo saindo com sua melhor amiga, Lesly. Vem como uma surpresa desagradável quando de repente ela começa a tomar saltos súbitos e descontrolado ao passado.

Ela está totalmente despreparada para a viagem no tempo, sem mencionar tudo que vem com isso: roupas chiques, modos arcaicos, uma misteriosa sociedade secreta, e Gideon, seu parceiro de viagem no tempo. Ele é desagradável, um sabe-tudo, e possivelmente o cara mais bonito que ela viu em qualquer século.




"Ready when you are."
Começarei esta resenha contestando que eu tenho uma longa historia com esse livro. Se não me falha a memória descobri ele em 2013 através de *gifs no tumblr do filme e de recomendações de booktubers gringos. De cara gostei do enredo sobre viagem no tempo para diferentes épocas e ele logo se tornou um dos livros mais desejados da minha lista. Eu vi o filme (não achava com legenda em português e meu inglês "pra valer" ainda estava em seus estágios iniciais), apesar de algumas complicações eu gostei. Agora, 4 anos depois, finalmente li Ruby Red.


Esse é o primeiro da trilogia e devo ressaltar que é uma obra bem introdutória. Não acontece muita coisa e se o leitor listar os mini conflitos e as longas cenas explicativas são longas, dando a impressão de que o livro é cheio no ato da leitura. Eu não achei isso ruim mas quando me afastei "emocionalmente", pareceu pouco para compor um livro de 300 páginas, o que me fez pensar que no filme eles incluíram cenas, sejam originais ou dos próximos livros. Até o final do casal é diferente. Entretanto, a primeira parte da jornada da Gwen se passa em apenas dois dias, o que explicaria minha impressão. Ainda assim, o tempo cronológico poderia ter sido esticado para fornecer mais tramas.

Isso não quer dizer que não gostei do livro; pelo contrario, eu me diverti muito lendo, como eu sabia que aconteceria. Apesar da autora ser alemã, a história se passa em Londres, seja a atual ou a de séculos passados. As viagens que Gwen faz e suas reações são engraçadas, por ela não ter recebido o treinamento adequado antes.

Outro ponto positivo é que viajantes no tempo não são a única anormalidade. Há fantasmas fofos, gárgulas endemoniadas e uma tia vidente. A própria Gwen tem uma outra característica única.

Mas o que mais me interessou foi o conflito maior, aquele que será desenvolvido na trilogia: o caso Lucy e Paul. Não entrarei em detalhes sobre o que acontece mas se eu estou certa sobre o que caminho que a autora escolheu, eu estou muito feliz. Pode ser um arquétipo que não agrade todos mas eu amo. Além do mais, o que aconteceu com os dois antes do livro começar daria um livro incrível. Se Kerstin Gier escrevesse um livro de 700 páginas sobre a trajetória de Lucy e Paul, eu seria a primeira a comprar.


Ruby Red  uma leitura divertida e leve com uma pitada de fantasia. Valeu muito a espera de 4 anos. Se alguém por algum motivo não ler o livro mas ainda se interessou pela historia os filmes estão aí (mas não no Netflix :( ). Eu só vi o primeiro e, apesar dos efeitos visuais trash, eu gostei. Vale a pena dar uma chance.

Algumas considerações (com spoilers):
1. Gwen e Gideon são parentes?;
2. Espero que o Sr. Whitman apareça no Templo agora que sabemos que ele é membro dos Guardiões. Acho que a relação dele com a Gwen vai mudar depois que ela manifestou o gene e não a Charlotte;
3. Por falar em Charlotte, eu lembro de a ter odiado no filme mas no livro eu senti pena. A mãe ainda é horrível;
4. Quero que a Gwen conte sobre o Robert para o Dr. White. O homem desconfia de qualquer jeito.

Por E.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Here's To The Mess We Make

Filosofar pode ser visto mal compreendido pelo fato de que a filosofia não é descobrir as respostas, mas ter mais perguntas e isso é ilógico para certas pessoas. Mas é o que inevitavelmente acontece quando você quer achar uma resposta verdadeiramente, na raiz, na minúcia, você vê que aquela dúvida não está sozinha e aí você acaba com mais centenas de dúvidas que antes era só uma. Isso pode parecer terrível e assustador, mas o efeito é o contrário, simplesmente porque quando você acha que tem uma resposta você fica no automático e quando você busca por uma resposta você fica em alerta vivendo conscientemente.
Fred Elboni disse que é bom sentir dúvidas, que as certezas são monocromáticas, mas as dúvidas são coloridas, elas que dão cor a vida. Tudo bem que ele falava sobre escolha e possibilidades, e dúvidas pequenas como a sua escolha de faculdade, mas a essência aqui é a mesma, desde escolha do que comer no almoço até as mais profundas crises existenciais, porque questionar é colocar em dúvida tudo aquilo que todos tinham como certo, é fazer enxergarem com outros olhos, é abrir janelas, portas, construir pontes e destruir muros.

Muitos detestam essa bagunça, estava tudo tão bom no seu mundinho. Acontece que não há nada de errado em ser feliz no seu mundo, o problema é quando essa felicidade é só uma ilusão, quando você faz compras porque acredita que isso é terapêutico e te faz feliz, quando você se acha incrível por ter um pensamento padrão, porém preconceituoso, quando você está vivendo pra agradar os outros e ferindo a si mesmo, por não se permitir viver a sua própria vida. Isso tudo é tóxico, e parece óbvio, mas as vezes estamos tão no automático que nem percebemos o que estamos fazendo. Saímos atropelando tudo, cheios de razão, quando na verdade se acreditam que algo tem a completa razão, então a razão já se perdeu.

É como quando acreditavam que a Terra era quadrada, ou estava no centro do sistema solar, hoje parece uma coisa absurda, mas na época era uma verdade incontestável, afinal essa é a verdade, algo certo até que alguém prove o contrário. E tudo isso você só percebe questionando: quando amanhã perceber que o sistema foi montado para privilegiar uma pequena parcela da população, quando perceber que somos escravos do dinheiro, quando descobrirem que, na verdade, a Terra tinha forma de um hexágono. 


Até lá duvide, é divertido!
Portanto:
Um brinde a bagunça que fazemos.
Por J.W.