terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Resenha: Written in Red, de Anne Bishop


Sinopse*:
Meg é uma profetisa de sangue. Sempre que a sua pele é cortada, ela tem uma visão do futuro – um dom que mais lhe parece uma maldição. O Controlador de Meg mantém-na aprisionada de forma a ter acesso total às suas visões. Quando finalmente ela consegue escapar, o único sítio seguro para se esconder é no Pátio de Lakeside – uma zona controlada pelos Outros.

O metamorfo Simon Wolfgard sente alguma relutância em contratar a estranha que lhe pede trabalho. Sente que ela esconde algo e, para além disso, ela não lhe cheira a uma presa humana. Algo no seu íntimo leva-o a contratá-la, mas ao descobrir quem a jovem realmente é e que o governo a procura, ele terá de tomar uma decisão. Será que proteger Meg é mais importante do que evitar o confronto que se avizinha entre humanos e Outros?



*tradução fornecida pela versão portuguesa da Saída de Emergência.




Havia algum tempo que eu me interessara por esse livro e fiquei muito animada quando finalmente consegui tocar minhas mãos na cópia física (mesmo que seja um pocket, mas nunca podemos ter tudo o que queremos). Um dos meus gêneros favoritos é fantasia urbana e assim que li a sinopse fiquei curiosa. E devo escrever que não fiquei nem um pouco decepcionada; ao contrário, essa é uma das minhas melhores leituras do ano (que não foram muitas, eu sei, mas ainda assim conta).

Anne Bishop nos introduz a um mundo semelhante ao nosso, porém onde seres sobrenaturais têm o controle dos recursos naturais e, por isso, os humanos ficam sob seu controle. A dinâmica dessa realidade é tensa na maioria das vezes, com os Outros sendo mais animais do que humanos em todos os aspectos imagináveis e um ódio no ar por parte dos humanos. Entretanto, os personagens não são divididos entre bons e maus, ficando no meio, tanto humanos quanto os Outros, e essa é a melhor parte. Seria muito fácil taxar os humanos como coitados, porém eles sucumbem facilmente a ganância por um lado, e lutam pela justiça, do outro. 


"But he had shot a human to protect a wolf, and no one was going to forget that."
Claro que os Outros também não são o perfeito arquétipo de heróis. A narrativa envolve eles, sim, mas isso não significa que eles estão livres de atos como matar e comer humanos e ameaças. Mas eles também são fortemente unidos e capazes de qualquer coisa para proteger aqueles com quem se importam. Os humanos temem eles e, por isso quando estão em contato com algum não sabem agir muito bem, pois estão mais acostumados com seus instintos. E em relação a matar e comer humanos eles tem leis para isso, de modo que apenas aqueles que entram em seus territórios sem autorização são levados para o açougue (eu não estou brincando). Eles tem suas próprias morais, diferentes das dos humanos, mas parecidos em alguns aspectos. 

"If the weather had been milder, he would have let the girls find their own way to the bus stop, since it was within sight of the bar. By itself, the amount of blood he’d taken from each of them wouldn’t do more than make them tired. But the police officer, Lieutenant Montgomery, paid attention to the Courtyard now, and Vlad didn’t think Simon would appreciate questions about two girls falling into a drunken sleep and dying in a snowdrift so close to where the Sanguinati lived—especially when there was no reason for the girls to die. So he flagged down a cab and paid the driver to take the girls back to their residence at the nearby tech college"

Esse é o primeiro livro de uma série e, por isso, parte dele apresenta o universo ao leitor. Porém não fica cansativo porque está implantado na narrativa. A ação final é incrível e me deixou mais encantada com os Outros e com a própria Meg.

Eu gostei bastante da Meg, a protagonista. Na primeira parte do livro, algumas pessoas podem a achar um pouco Mary Sue, com os Corvos e alguns dos Outros gostando dela e com sua personalidade calma e inocente. Porém, antes de vocês irem odiando ela, considerem algumas coisas. Primeiro, ela ficou trancafiada por 24 anos, tendo a sua única fonte de informações sobre o mundo  as suas visões e aulas dada por seu Controlador. Se espera que, quando ela finalmente conseguisse fugir seu conhecimento sobre a vida fosse limitado, a deixando bem curiosa e inocente sobre qual seria o comportamento esperado de um humano em relação a esses seres sobrenaturais, que são os mesmos que a acolheram em sua fuga, mesmo que eles não saibam. Segundo, sobre a surpresa e curiosidade dos habitantes do Pátio de Lakeside, é o que acabou de ser dito. Os humanos crescem tendo medo deles e mantêm distância e aqueles poucos que trabalham perto deles não se esforçam muito.

Sim! Porque se tem uma coisa que tira Meg totalmente do espectro Mary Sue (um termo que eu odeio, sinceramente) é que ela se esforça muito para agradar a todos, o que nem sempre dá certo. Como ali é seu refugio, ela quer ficar de qualquer jeito e ela se esforça para fazer um bom trabalho.

"The ponies shifted, jostled, nipped at her coat in a way that made her think of a child tugging on an adult’s sleeve in a bid for attention. She didn’t have enough mail sorted to fill the baskets for the eight ponies who had shown up, but she made sure they all had something to carry. Then she opened the box of sugar lumps. “A special Moonsday treat,” she said, holding out two lumps to Thunder."


O fato dela ser uma profeta de sangue, um conceito muito interessante, aliás, só a faz ser mais incrível. Seu dom é a parte mais importante do livro, por ser o motivo dele existir em primeiro lugar. Não darei spoilers, mas direi que, depois da ação principal, é bom você achar ela badass.

Tem muitos outros personagens legais, incluindo o maravilhoso, gostoso e tudo de bom Simon Wolfgard! Não tenho muito o que escrever sobre, porque apenas lendo para entender como ele é maravilhoso então comentarei apenas sobre o futuro romance entre a Meg e ele. A melhor e pior parte é o desenvolvimento lento, que ao mesmo tempo em que fico feliz que a autora dê tempo para o romance nascer aos poucos, me deixa angustiada, porque eu quero que eles fiquem juntos logo, pra ontem! Mas como eu gosto de sofrer quando o assunto é romance, esperarei. Gente, eles são MUITO FOFOS! 


"And Simon didn’t say a word about her using him as a furry pillow."
"He watched her, listened to her, and knew she was truly asleep. He kissed her forehead and found the act pleasing for its own sake. And, he admitted as he licked his lips, it was enjoyable for other reasons. Meg wasn’t bitable, but he really did like the taste of her."



Não sei quando conseguirei o segundo livro, Murder of Crows, porque não posso comprar livros até terminar a minha pilha de 20 livros não lidos, mas fiquei com muita vontade de ler todos os livros. E ah! A Saída de Emergência bem que poderia trazer a série para o Brasil. Tenho certeza que todos agradeceriam.

Por E.