quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Resenha: A Sorte do Agora, de Matthew Quick

Sinopse:
 Bartholomew Neil passou todos os seus quase 40 anos morando com a mãe. Depois que ela fica doente e morre, ele não faz ideia de como viver sozinho. Wendy, sua conselheira de luto, diz que Bartholomew precisa abandonar o ninho e fazer amigos. Mas como um homem que ficou a vida toda ao lado da mãe pode aprender a voar sozinho? Bartholomew então descobre uma carta de Richard Gere na gaveta de calcinhas da mãe e acredita ter encontrado uma pista de por quê, afinal, em seus últimos dias a mãe o chamava de Richard... Só pode haver alguma conexão cósmica! Convencido de que Richard Gere vai ajudá-lo, Bartholomew começa essa nova vida sozinho escrevendo uma série de cartas altamente íntimas para o ator. De Jung a Dalai Lama, de filosofia a fé, de abdução alienígena a telepatia com gatos, tudo é explorado nessas cartas que não só expõem a alma de Bartholomew, como, acima de tudo, revelam sua tentativa dolorosamente sincera de se integrar à sociedade. Original, arrebatador e espirituoso, A sorte do agora é escrito com a mesma inteligência e sensibilidade de O lado bom da vida. Uma história inspiradora que fará o leitor refletir sobre o poder da bondade e do amor.


Não sabia o que esperar desse livro, já que não li outros livros do autor (sim, fui do contra, e não comecei pelos conhecidos...), mas mesmo sem saber o que esperar, esse livro me surpreendeu! A Sorte do Agora, é um livro que te faz repensar, quase sem perceber, sobre vários acontecimentos da sua vida, e enxergar as coincidências de um jeito diferente. Depois de ler, você não vai conseguir passar por um acontecimento que parece que os astros se alinharam sem pensar: "Sincronicidade?"

"Pensei em todos os eventos aleatórios aparentemente sem relação que precisaram ocorrer em sequência para me colocar naquela situação, naquele exato momento no espaço e no tempo." (Pág. 144)

Quem nunca teve um momento assim? Bartholomew com seu jeitinho de quarentão perdido faz explicações divertidas sobre teorias de Jung e pensamentos de Dalai Lama, te fazendo refletir sobre o porquê certas coisas acontecem, em um determinado momento específico. Sabe quando você quer uma coisa e ela não acontece e só depois de um tempo você percebe que foi melhor daquele jeito? Nosso personagem principal explica isso com sua teoria, de que algo ruim acontece para algo bom acontecer, quase como para reequilibrar a ordem natural das coisas. Afinal o que seria o bom sem o ruim? Ou então: sem o ruim, o bom seria tédio?

Outra coisa legal, além desses pensamentos, (pra quem é meio brisa mesmo, porque será que adorei?) é que a leitura é super rápida, cada capítulo é uma carta destinada ao ator Richard Gere, então parece que você está lendo as correspondências escondido, ou algo do tipo, e com isso acaba se sentindo ainda mais próximo dos personagens.

Enfim esse livro é engraçado:
"Parlamento dos gatos, porra!" (Pág. 210);

Filosófico, cheio de dúvidas: 
"Era como se devêssemos estar ali, naquele tempo e naquele lugar, quase como se fosse algo predestinado. De algum modo parecia certo.Não sei.Mas talvez." (Pág. 200);

Poético:
"Sinto como como se estivesse me abrindo, uma flor florescendo, um fósforo aceso, uma bela juba de cabelo se soltando de uma coque. Sinto que muitas coisas antes impossíveis agora são possíveis e andei me perguntando se essa é a razão por eu não ter chorado nem ficado chateado quando minha mãe morreu. Será que as pétalas das flores coloridas choram e se lamentam quando não estão mais dentro do caule verde? Eu me pergunto se passei os primeiro trinta e oito anos da minha vida dentro do meu caule, dentro de mim mesmo".(Pág.92);

(Quantas pessoas não passam a vida toda dentro de si mesmas? Vivendo nas sombras do que esperam delas e não do que realmente querem fazer. Quantas pessoas tem coisas maravilhosas dentro de si, que não falam ou não fazem por medo, ou qualquer outro motivo pequeno...)

Mas, esse livro, é sobretudo humano, no sentido de que não tem nada de extraordinário nos personagens, eles são pessoas comuns, que até acham suas vidas sem graças, mas mesmo assim fazem você se encantar pelo comum, ver a beleza no que está ali o tempo todo na sua frente, mas que não damos bola, porque? Também não sei... Várias vezes eles se questionam do porquê eles estarem ali, se é pra ser tão comum, qual o sentido? E então mais teorias e lições pra independente de quão comum seja, aproveite o momento, porque ele não vai se repetir:

"Haveria diferentes variáveis, uma equação totalmente diferente composta de circunstâncias distintas, o que era inevitável, porque a vida está sempre evoluindo e mudando, e, portanto, independente de quanto quiséssemos, nunca teríamos aquele momento outra vez. Mesmo que tentássemos recria-lo com todas as nossas forças, chegando até a vestir a mesma roupa, falharíamos, porque não dá para derrotar o tempo, só é possível desfrutar dele sempre que dá, à medida que ele se estende indefinidamente." (Pág. 215)

(Esse trecho me faz lembrar partes de um livro, que em breve farei resenha, de um filósofo francês, do livro Aprender a Viver, onde ele fala que, resumidamente, a única forma de viver bem é parando de ficar entre a nostalgia e a esperança, entre as lembranças e os projetos e se concentrar no presente, que é o único momento que realmente existe. Sincronicidade?)

Com um final encantador, esse livro faz você ter um carinho pelos personagens e também fará você se interessar por outros livros do autor, também me fez ficar mais calma em relação ao futuro já que pelas lógicas de Bartholomew, se algo estranho acontece é só pra no futuro algo melhor acontecer, então que futuro dilícia será, não é mesmo? Ótimo pra ler em tardes ensolaradas que você está de bem com a vida, ou em dias nublados com direito a crises existenciais! Boa Leitura, e espero que gostem!! 

(Acabei a resenha e minha prima me mandou uma foto do gato dela, que se chama Bartho... de Bartholomew... Sincronicidade? Fica no ar...)

Por J.W.

MEGA ALERTA DE SPOILER/Só pra quem leu:


Alguém me explica como ele sabia o nome do Adam...

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